Essa pergunta ridícula foi colocada pelo correspondente do influente Jornal “The New York Times” no Brasil, Alexei Barrionuevo. O artigo de título “Whose Rain Florest is This, Anyway?”, cuja tradução é “De quem é esta Floresta Tropical, afinal?”, denuncia que o Brasil estaria criando barreiras para a entrada de ONG’s e cientistas estrangeiros para esconder a incapacidade governamental de tomar conta desse patrimônio da humanidade. A demissão da Ministra Marina Silva agendou a questão dos problemas ambientais, dando um gancho para matéria, principalmente depois das fortes críticas, todas corretas, de Marina à política ambiental do governo. O Brasil, de acordo com o correspondente estrangeiro, estaria se comportando de forma histérica contra estrangeiros que, dentro da visão paranóica, querem usurpar parte considerável do território nacional. É preciso ser contra a xenofobia e o estúpido anti-maericanismo; além do que é verdade que o patriotismo é realmente “o refúgio dos canalhas”, mas vamos com calma.
O repórter estrangeiro argumenta que diante das demandas relativas à biodiversidade e ao aquecimento global, o desmatamento da Amazônia se transformou em uma questão mundial, e não meramente local. Até esse ponto é possível concordar com autor do texto. Mas será que isso seria uma causa justa para o Brasil perder a soberania da Amazônia. A emissão de gases estadunidenses é a maior do mundo. Por que não convocar observadores internacionais, cientistas, ambientalistas, e etc. para diminuir a emissão de gases na terra do Tio Sam? Eles poderiam escolher a política ambiental a ser seguida e tomar uma série de medidas passando por cima do governo norte-americano, por que não?
O jornalista também acusa o Brasil de em nome do desenvolvimento estar desmatando a floresta e colocando em risco a biodiversidade da área. Também concordo. Mas em nome dos empregos do povo americano, George W. Bush se negou peremptoriamente a assinar o protocolo de Kyoto, cujo objetivo era diminuir a emissão de gases nos EUA. Sem falar que os EUA e outros países europeus desenvolveram-se industrialmente sem obedecer à leis ambientais rígidas. Exemplo que o Brasil não deve seguir, mas nem por isso acredito que outras nações possam ser mais competentes que nós mesmos para gerir parte do nosso território. A experiência recente, exemplificada no protocolo de Kyoto, mostra que não.
Saindo da pena de um jornalista que trabalha para um dos jornais mais prestigiados do mundo, a pergunta parece desprovida de qualquer interesse. Mas, é um olhar americano sobre uma questão brasileira, mesmo sabendo que ela repercute no mundo inteiro. E objetividade não existe. O que há, na verdade, é rigor jornalístico que o correspondente mostrou não possuir. No final do texto, o jornalista Alexei Barrionuevo recorre a uma metáfora tipicamente americana usada nos tempos do auge da Guerra Fria e da paranóia comandada pelo senador MacCarthy: comparando o tipo de controle da Amazônia que os brasileiros querem exercer à tirania exercida pelo estado soviético dentro de seu território. “Todos que discordam de nossas idéias são comunistas”. O Brasil tem, sim, que ouvir parceiros na proteção da Floresta Amazônica, mas não de forma subserviente. Pois, a Amazônia é, sim, brasileira.

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